Biografia de José Ribeiro Pena
Nasceu em Itapecerica aos 4 de agosto de 1900, filho de Lafayette Ribeiro Pena e Maria Carmelita Ribeiro Pena. Fez os primeiros estudos em sua terra natal, sendo aluno do Prof. Alberto Couto. Em São João del Rei, no Colégio Santo Antônio, fez o curso secundário, formando-se, posteriormente, em agrimensura em Belo Horizonte. Exerceu a profissão de agrimensor em Itapecerica e municípios vizinhos.
Em 6 de maio de 1924, casou-se, em Belo Horizonte, com Maria José Nogueira de Sá (que passou a assinar Maria José Nogueira Pena). O casamento religioso foi na Igreja do Sagrado Coração, esquina das avenidas Carandaí e Alfredo Balena. O casal fixou residência em Itapecerica. Em 1932, mudou-se para a Capital, a fim de estudar na Faculdade de Direito da então UMG, hoje UFMG, onde formou-se em 1936. Durante o curso e logo após, foi jornalista na Folha de Minas.
Depois da formatura, exerceu a advocacia em Belo Horizonte, sendo companheiro de escritório do criminalista Amintas de Barros, que foi vereador, deputado e prefeito da Capital. Mais tarde, advogou em Itapecerica até 1943, quando a Rede Mineira de Viação o contratou como advogado para trabalhar em Belo Horizonte, onde, pouco depois, transferiu-se para o Banco Mineiro da Produção S.A.
Exerceu o magistério no Colégio Afonso Arinos, na Capital, e no Colégio Imaculada Conceição, em Itapecerica.
Na política, foi vereador em sua terra natal (1935-1937), tendo o mandato encerrado com a dissolução da Câmara pelo Estado Novo em 10/11/37. Em 1947, foi eleito deputado estadual à assembléia constituinte mineira, tendo sido líder da maioria. Sua legenda era o PSD - Partido Social Democrático. Ainda em 1947, foi eleito por via indireta Vice-Governador do Estado. Posteriormente, reelegeu-se deputado estadual em 1950 e 1954. Foi Presidente da Assembléia Legislativa durante quatro anos (1950-1954), quando governava o Estado Juscelino Kubitscheck. No governo seguinte, Bias Fortes, foi Secretário de Estado da Justiça e, depois, da Segurança Pública. Em 1960, candidatou-se ao governo do Estado. Em 1961, no governo Magalhães Pinto, ocupou a Secretaria de Viação e Obras Públicas e, posteriormente, foi Diretor-Presidente do Banco Mineiro da Produção, até 1965.
Faleceu em 14 de agosto de 1969, sendo sepultado em Itapecerica. Deixou a viúva, Maria, e três filhos, José Maurício, advogado, Antônio e César Otaviano, ambos engenheiros.
Em toda sua trajetória política, primou por uma conduta irrepreensível no trato da coisa pública. Trabalhou incansavelmente em prol do desenvolvimento de seu Estado e de sua querida Itapecerica. Administrador eficiente, sempre valorizou e apoiou as pessoas com quem trabalhou. Homem público de notável caráter, é um exemplo no qual deveriam mirar-se os políticos desta nação, hoje tão carente de líderes que se preocupem efetivamente com o bem-estar coletivo.
Biografia de José Ribeiro Pena
Por Lindolfo Pena Pereira (1981)
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Ribeiro Pena, exemplo de ética
em defesa da memória de um homem íntegro (janeiro 2010)
Ribeiro Pena foi um político exemplar. Sério, íntegro, dedicado e, sobretudo, ético. Tanto que fez amigos e admiradores não somente entre os correligionários, mas também junto aos adversários. Apesar disso, artigo publicado no jornal Estado de Minas de 26/01/2010, dá a entender que ele tenha agido de forma indigna em episódio que envolve dois outros grandes nomes da vida pública mineira, Milton Campos e Pedro Aleixo, seus adversários políticos. O artigo conta apenas uma parte da história, levando ao engano o leitor desavisado. Visando a restabelecer a verdade dos fatos, a família Ribeiro Pena dirigiu correspondência ao articulista, solicitando-lhe que reproduzisse para os leitores o episódio completo. A carta foi escrita por Lindolfo Pena Pereira, ex-prefeito de Itapecerica, sobrinho de Ribeiro Pena e brilhante advogado e redator. Vai reproduzida abaixo:
Em seu artigo intitulado Antípodas Semelhantes, V. Sa., ao traçar lúcido paralelo entre as personalidades ilustres de dois eminentes políticos mineiros, exaltando-as, com justiça, comete, contudo, grave injustiça contra uma das mais consagradas figuras da política mineira, tão ilustre e digna quanto as duas outras, o inesquecível Ribeiro Pena, ao trazer a lume, de modo incompleto, fato ocorrido no inicio do Governo Milton Campos, nos idos da década de 1940.
Os registros do episódio em causa, não foram postos por V. Sa. na plenitude real com que os fatos se deram, mostrando um Ribeiro Pena faltoso em um compromisso, o que bate violentamente contra a memória de uma personalidade austera e reta, por natureza e, como tal, cultuada.
A família Ribeiro Pena ficou profundamente consternada com a secura do escrito quando se refere ao seu eterno Chefe, uma vez que os acontecimentos não fluíram exatamente como narrados. Não havia compromisso de Ribeiro Pena para com a dupla ilustre. Havia, sim, compromissos recíprocos da dupla em causa para com Ribeiro Pena e deste para com aquela.
Naquela época era prática corriqueira, entre os partidos adversários, PSD e UDN, a política rasteira de quem estivesse no Poder, perseguir o oponente, trocando delegados de polícia, diretoras de escolas, coletores estaduais, funcionários em geral e outros.
A UDN havia ganho, com Milton Campos, o governo do Estado. O PSD obtivera a maioria do Poder Legislativo.
Não havia sido eleito o Vice-Governador, por falta de previsão legal. Entretanto, a recém-promulgada Constituição Mineira criara o cargo de vice, rezando que, para aquele primeiro governo democrático, pós-ditadura Vargas, a Assembleia Legislativa elegeria aquele Vice.
O nome de Ribeiro Pena surgiu, então, de imediato, na mais natural espontaneidade, como o indicado para o cargo, já que seu Partido, majoritário, o elegeria com certeza, como de fato veio a acontecer. Assim sendo, o Vice-Governador, prócer do PSD, seria adversário do Governador, prócer da UDN. Era um fato inusitado na política mineira de então. Absurdo, até, perante os exaltados ânimos políticos da época. Na celeuma efervescente dos acontecimentos anteriores à eleição, Ribeiro Pena foi procurado por emissário do Governador, e, personalidade profundamente conciliadora, se dispôs a uma conversa, ocorrida logo após, ficando, no decorrer desta, estabelecido o compromisso, de mão dupla, de que a UDN não mexeria nos cargos estaduais dos municípios em que o PSD fosse majoritário e Ribeiro Pena, uma vez eleito Vice-Governador, renunciaria ao cargo. Pedro Aleixo, Secretário do Interior de Milton Campos, contudo, quando comunicado do acerto, não concordou com o avençado. Como o Governador o ouvia muito e acatava sempre suas opiniões, rompeu-se o acerto.
Foi uma barganha política, muito comum naquele tempo. Mesmo assim, dono de impecável dignidade, senhor de aguda sensibilidade, Ribeiro Pena sofreu imensamente, ao ver-se obrigado, ainda que coberto de razão, a romper de sua parte, corajosamente, o compromisso, já que os adversários o romperam antes. Tanto que, aflito, tomado de profunda decepção, ao deixar a sala do então poderoso Secretário do Interior que acabara de comunicar-lhe a decisão final do Governo, caminhando automaticamente, segundo descreveu depois, sem sequer atinar onde pisava, rumo à porta de saída do prédio da Secretaria, chegou a titubear e cair na descida da soberba escadaria em curva que levava ao pavimento superior do edifício onde se situava o gabinete do Secretário.